22 de fev. de 2013

Passos


Aquele caminhar hostil continuava, eu ouvia.
Sim.
Pé pós pé, calcanhar pós calcanhar.
Não.
Terra pisoteada, pedras amassadas.
Sim.
Era em minha direção, mas não via o que era.
Não.
Alternava, assim como minhas afirmações.
Sim.
Nada mais poderia dizer, estava a minha frente, via o brilho dos seus olhos, e só pude dizer:
NÃO!

----------------------------------

Onde estava? Não recordo, não sei o que era e o porquê, mas era importante. Como podemos esquecer coisas importantes?
Olhei meu quarto, cama bagunçada, livros jogados, chinelo torto, roupas amassadas, pilhas de tralhas pra jogar fora, mas sem nenhuma coragem, umas fotos, umas medalhas, umas cordas, uns descascos na parede... E o vazio, algo faltava, e era de muita valia, mas o que era?
Abri a janela, dei de cara com uma parede de divisão de terreno, suspirei.
Ouvi o caminhar, mas não era ali, afinal quem caminharia no corredor detras?

-------------------------------

Me pagaria, assim como todos irão me pagar. O primeiro, perdido como as formigas ao assustá-las, bastava deixá-lo tenso ao ponto de não distinguir seus sentidos de seus medos, um conselho a quem quiser fazer algo sem deixar vestigios, fazer com queo desespero do outro tome conta do local, a ponta de esconder qualquer tipo de prova.
Admito que estou uns niveis de batimento cardíaco acima do normal, mas eu só preciso estrangulá-lo. Você já sentiu o prazer de tirar uma vida? Fazer a pessoa perder seu ultimo suspiro e olhar nos olhos dela enquanto isso ocorre? Também não, mas estou vgiando ha tempos.
E ele continua a ler...

--------------------------------

Batidas na porta, passos  no chão, luzes apagadas. Ultimo suspiro. Uma pressão. Uma luta, um cúmplice. Um cúmplice que continua a ler. Um bilhete esquecido embaixo da cama, mudaria tudo, mas continua lá.

(Ronaldo Mota)

Nenhum comentário: